sexta-feira, 26 de agosto de 2011


Reencontro (?)


(um) (outro) outros


Toque


Lembranças... rasuras...


O outro, redoma de vidro


Imagem minha, dele


Repele, reflete, afasta


Desencontro


De mim, do outro


nós, ainda




quinta-feira, 13 de maio de 2010

O problema é da vazão, do estendido, da existência. Porque é e não é.

Quando a riqueza do que se sente não ultrapassa os muros do pensar, quando o pensado se limita ao caminho das palavras que dissipadas se desmancham logo ali, encaro o egoísmo do que construímos, que depois de construído nada é, se não num universo que de tão pessoal, quase não é.

Com vista no equilíbrio, não desconsidero, mas não me conformo, não me realizo. A transcendência aí, pra mim, não está. Há que existir razão no sentir, no dizer, pra explodir, contagiar, mover.

Somos feitos de tudo que há. Existimos porque somos constituídos e constituímos tudo de objetivo e subjetivo que nos cerca. Por que pensar tão particular? E ainda dissimular com vã pregação ou desapego.

Perdemos o fio condutor que nos levaria ao lugar comum melhor. Estamos presos aos meios, que sem fim se plastificam e se imobilizam.

Assim... não sendo, o que somos, então? A que viemos?

quinta-feira, 25 de março de 2010

Eu, lugar.

Aí dentro há constante só na desordem. Há certo só na mudança. Se aí dentro te perdes, como aí dentro alguém se achar? Não importam signos, olhares ou livros. Há sempre infinitos quereres que em ti ardem, cegam, guiam, levam.

Tenho pra mim que aí dentro só a de habitar quem se afeiçoe a segurança a deriva, que tome gosto de viver embaraçado dessa confusão, se encontre no compasso da bagunça e navegando pelas ruas dessa perturbação faça música.

Quando penso que te habito, que decifro teus caminhos e faço prosa da tua poesia, trazes o vento e aí dentro troca a figura. Quando penso que te aprendo e te reprimo, te acordas e me laça. Eu que sou eu, agora te largo, te deixo, te assisto. Porque poder alheio sobre ti não há. Confiar não confio, mas assim, é só assim que me largo, me deixo, me solto e prossigo.

“Sua coragem é a de não, não se conhecendo, no entanto prosseguir. É fatal não se conhecer, e não se conhecer exige coragem.” C.L.





quarta-feira, 10 de março de 2010

O que se achou

O passo, pelo acaso se encontrou. Já o olhar, pelo acaso se atraiu. Se atraiu; se desviou; se evitou; mas no descanso se perdeu.


O ar fugiu, toda a gente sumiu. Na música o corpo se apegou, a coragem, se embalou e no som se propagou. Foi assim que pelo acaso, se encontrou.


O achado: se espalhou, feito onda pelo ar. E do acaso: fez-se música, fez-se chuva, fez-se par, numa quase sintonia que se afina, se depura e se suspende pelo ar.

terça-feira, 2 de março de 2010

em salto

Desanimo. Abandonar os sonhos em uma tarde preguiçosa e chuvosa não parecia uma boa idéia naquele momento. Pensava na “festa que faria na prisão” durante aquele fim de semana, mas existem horas em que a liberdade ganha ares de cansaço e é fácil apenas desistir.

Surpresa. De repente, como que por acaso, o outro explode, há força; companhia; motivo. Da combinação das três meninas irromperam ondas levando a luz do que têm de melhor e trazendo a elas a sorte que atraem os que vivem com respeito.

Vida. Série de acontecimentos banais e surpreendentes que diriam por acaso se não se permitissem sentir os sinais da ligação do que está vivo - o que se sente quando se vê com os olhos ou o que se vê com a alma. Série da sensação física tida quando, com os olhos fechados, sentimos um sopro de um medo que nos enche de coragem. É então que se vive, em companhia da harmonia e do equilíbrio.

Em dois dias as ondas trouxeram àquelas meninas Maria Bethania; anjos; o melhor feijão de todos os tempos; um gênio da lâmpada escondido na lua; e cumplicidade, com a dança guardada por cada uma.



Tempo tecido de sentimentos

Às avessas com um produto dos desassossegos maiores, dos que a todos atormentam, quando de repente, algo mais concreto e palpável é capaz de provocar o esquecimento do que ti afligirá no futuro.

Rapidamente, o eu todo retorcido dá espaço para aquele outro, divagações sobre aquele olhar, daqueles de reconhecimento. Percebemos que estamos sim “cá dentro de nós, sós”, mas assim seguiremos em companhia. A loucura dá enredo à sintonia, ao ritmo, àquela dança, pra quem tudo é dança, te/êm beleza e te/êm sentido.

Aqui, onde há relação e não contato, se pode dormir no aconchego de sonos embalados por chamas, trovões ou risos depois dos dias em pesadelos ou em sonhos.

A finitude da matéria é certa, seja por qual motivo for. As sensações... sempre virão com as canções.





quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

tempo, tempo, tempo

O tempo anunciava a chuva forte e carregava as migalhas do que um dia foi tudo. A música que seguia aquele início tímido era trilha agora da despedida, avisavando que nada a partir dali seria igual ao que um dia fora. Tudo virava só lembrança de um tempo de sorrisos.

O correr do rio a assustava e desafiava, o que levava em muitos momentos, como aquele, a ir de contra a corrente, talvez por medo, ou por amor. Mas, não nos é permitido voltar atrás, não podemos nos recusar o que já foi visto e como diria C.F.A: “Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo.” O que tornava a luta pela volta inútil.

Tudo passaria então? Na vida dela tudo havia passado, tudo havia a abandonado (ou ela abandonara?) e agora o que um dia fora a única certeza foi-se com o vento da chuva forte.

O vazio, o nada. O medo. Tudo que ficou e que a atormentava agora. A confusão, sua companheira de cada dia, estava presente como nunca, não sabia se era bom, o que sentia, se queria voltar, se estava triste, a única certeza é que tudo se desarranja, se transforma, se desmancha. Ela também se desmancharia? Só sabia que não podia voltar atrás e que a partir dali seguiria sem certezas, nunca mais conversaria, sentiria coisas em comum, nem deixaria escapar segredos com quem e como antes. Tudo é nada.